O dia começou calmo e cheio de expectativas como todos os outros. No entanto, uma notícia dolorida ceifou o brilho e a alegria daquele dia promissor, nas primeiras horas da manhã. Chegou apressada, sem pedir licença. Invadiu o minha rotina e mudou a minha história. Como um soco no estômago, tirou o meu ar por alguns segundos. Nocaute. Precisei reagir.
Diante do comunicado parei e refleti, percebi o quanto fui e sou acomodada. Procrastino e deixo tudo para depois. Poderia ter ligado, visitado, retribuído um favor, poderia ter feito uma surpresa, levado um “mimo”. Deveria ter visto o sorriso e olhado nos olhos mais uma vez. Quem sabe uma última discussão, um puxão de orelha regado de cuidados ou ainda uma troca de conselhos bem dados.
Deveria ter escutado mais uma história – não me faria mal, pelo contrário – daquelas histórias que só começavam depois do primeiro trago no cigarro. Regadas de detalhes, conhecimento e muitas pausas pra mais um trago. Sem falar nas gargalhadas soltas, rasgadas, e o brilho nos olhos. Olhos estes que apesar de já terem visto muita coisa e algumas delas não tom boas assim, nunca perderam a ternura. Tinham um brilho constante, leveza e paixão pela vida. Olhos que me conduziam em silêncio.
O comodismo, a preguiça, a mania de deixar tudo pra depois, rouba-nos a beleza do agora. Amanhã eu ligo, depois eu vou. Outro dia faço uma visita. Hoje estou cansada, no fim de semana resolvo isso… O tempo passa sem que possamos perceber, até que em uma manhã qualquer tudo muda.
Minha prece de hoje é que eu não perca mais tempo. Que eu saiba amar, valorizar, estender a mão, estar presente, ser amiga. Boa amiga, sempre. Sem desculpas, sem demoras, sem deixar pra depois.
Porque o depois não existe a vida é agora.
